terça-feira, agosto 18, 2009

01

Ela se ajoelhou diante do filhote e brincou com ele, sorrindo. Ele continuou em pé, sorrindo pela suave alegria dela, mas olhando com desdém para o cachorro.
- Você definitivamente não gosta de cachorros?
- Definitivamente, ojou-sama.
Ela se levantou, ajeitou as roupas e começou a andar.
- Algum motivo em especial para esse desgosto?
- Nada especial, ojou-sama. Mas se preciso citar algo, diria que eles fedem, tanto quanto um campo de batalha onde os homens perdem o controle sobre as tripas.
- Gatos também podem ter um cheiro terrível.
- Claro, ojou-sama, mas apenas se eles comerem algo com cheiro terrível e se lamberem. Um cachorro precisa apenas se manter vivo para cheirar mal, piorando depois de morto.

Ela suspirou, divertida com as palavras dele.
- E se os cachorros não existissem?
- Teríamos um xingamento a menos no nosso vocabulário.

Ela o encarou com um olhar frio, indignada com a resposta. Ele sentiu isso.
- Bom, os egípcios teriam um deus a menos, no mínimo, ojou-sama; e os cristãos teriam um santo a menos.
- Existe um santo cachorro? - ela, em toda sua existência, nunca ouvira falar disso.
- Existe. Não lembro o nome, nem se ele ainda é considerado santo, mas aqueles que o seguiam traziam no pescoço um colar com um osso de cachorro pendurado.
- Mas... o que um cachorro faz para virar santo?
- Deve ter comido os colhões de um estuprador de freiras e se engasgado até a morte com isso. Um mártir, ojou-sama.

Ela sorriu, enfim. Era o tipo de resposta que ela esperava, e se divertia com isso.

(pode vir a continuar)

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